O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi afastado do cargo por seis meses em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após ser alvo da segunda fase da operação Fames-19, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3). A operação investiga um esquema de desvio de mais de R$ 73 milhões em recursos públicos destinados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, incluindo verbas para aquisição de cestas básicas e frangos congelados que deveriam ter sido entregues às famílias tocantinenses durante 2020 e 2021[1][3][4].
A investigação revelou que, além dos desvios, os valores foram ocultados com a compra de imóveis de luxo, gado e o pagamento de despesas pessoais dos envolvidos, incluindo uma pousada localizada na serra de Taquaruçu, nas proximidades de Palmas, capital do estado. Policiais federais encontraram R$ 32 mil em dinheiro vivo no gabinete do governador durante as buscas comandadas pela PF, que cumpriu 51 mandados de busca e apreensão no Tocantins, Distrito Federal, Paraíba e Maranhão[1][5].
Por determinação do ministro Mauro Campbell, relator da ação no STJ, Wanderlei Barbosa e sua esposa, Karynne Sotero Campos—secretária estadual extraordinária de Participações Sociais—foram afastados de seus cargos e proibidos de acessar prédios públicos estaduais, como o Palácio Araguaia e a Assembleia Legislativa. Além disso, foram suspensas as atividades econômicas de 18 empresas investigadas e proibidos contatos entre acusados e testemunhas[3][4].
Em nota, o governador afirmou que os pagamentos investigados teriam ocorrido no governo anterior e que determinou auditorias internas para apurar os contratos em questão. Ele ressaltou que acionará os meios jurídicos para tentar reassumir o cargo e se declarou vítima de uma “injustiça”[3][5].
O senador Irajá (PSD-TO) comentou o afastamento dizendo que o estado vive um momento triste e condenou o esquema de corrupção que desviou recursos vitais em um dos períodos mais críticos da pandemia. Ele desejou ao vice-governador Laurez Moreira, que assume interinamente o governo, sucesso na missão de resgatar a dignidade da administração pública[2].
O afastamento do governador e a operação da PF ganham repercussão nacional e acendem o debate sobre a gestão pública e o combate à corrupção no Tocantins.
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